quarta-feira, 9 de julho de 2008

A Doce Vida (1960)


Título Original: La Dolce Vita
Tempo de Duração: 167 minutos
Ano de Lançamento: (Itália)
1960
Direção: Federico Fellini


Elenco

Marcello Mastronianni (Marcello Rubini)

Anita Ekberg (Sylvia Rank)
Anouk Aimée (Maddalena)
Yvonne Furneaux (Emma)
Alain Cuny (Steiner)

Annibale Ninchi (pai de Marcello)

Walter Santesso (Paparazzo)

Valeria Ciangottini (Paola)


Sinopse (estendida)

O jornalista Marcello Rubini freqüenta o mundo frívolo e festivo da alta classe italiana, final dos anos 50. Enquanto assiste, ora cúmplice, ora distante, as fúteis noitadas burguesas, Marcello lida com a personalidade insegura e depressiva de sua amante Emma. Embora tenha angariado muito apoio pessoal e livre trânsito na high society, Marcello é um intelectual de origem humilde que vive adiando o plano de escrever um livro. As suas incursões pela doce vida italiana do pós-guerra incluem recepcionar e acompanhar a bela atriz norte-americana Sylvia Rank pela noite de Roma e participar de uma festa no palácio do príncipe Mascalchi. Entre uma noitada e outra, Marcelo participa da cobertura jornalística a um suposto milagre nas proximidades de Roma (duas crianças que dizem ver Nossa Senhora), encontra-se com o pai, que está de passagem por Roma e visita o seu amigo Steiner, um intelectual por quem tem grande admiração. A notícia de que Steiner matara os dois filhos e depois se matara, parece suscitar em Marcelo sentimentos de cinismo e ceticismo, os quais expressa de maneira sádica na festa em comemoração ao divórcio de Nádia. No final da festa, vagueia pela praia, bêbado, como os demais convidados, são atraídos para um peixe-monstro recém-pescado, uma menina que conhecera (Paola) acena para Marcelo, mas ele, pateticamente ébrio, não a reconhece.


Para alguns críticos, La dolce vita marca uma nova fase do trabalho de Fellini, em que deixa em segundo plano o neo-realismo dos filmes anteriores e adota uma perspectiva simbolista. As cenas que abrem e fecham o filme, por exemplo, seriam alusões a passagens da A Divina Comédia, de Dante Alighieri.

Fellini retrata a “sociedade do espetáculo” e do consumo, a influência cultural norte-americana sob o boom econômico que atingiu a Itália nos fins da década de 50 e a moral burguesa da futilidade – pano de fundo da “doce” e vazia vida das personagens.

Em La dolce vita está uma das cenas-símbolo da sétima arte: Anita Ekberg banhando-se, de roupa e tudo, na Fontana di Trevi. Também marcantes, são: a abertura do filme, em que um helicóptero sobrevoa a cidade transportando ao vaticano um Cristo de braços abertos, enquanto, de dentro do helicóptero, Marcelo flerta com um grupo de mulheres que tomam sol na cobertura de um edifício, e o final do filme – o sorriso inocente da menina Paola para um Marcelo bêbado e alienado.

Bastante comovente é o “episódio” (o filme foi feito com relativa independência entre as cenas) do encontro de Marcelo com seu pai: enquanto o jornalista tenta valorizar o momento para aumentar a intimidade entre ambos, o seu pai está mais preocupado em encobrir a “vergonhosa” performance com a dançarina Fanny e o fim de seus dias de latin lover.

Frases interessantes? Que tal Marcelo completamente embriagado pela beleza de Sylvia (Marcello Mastronianni devia estar realmente embriagado, pois para aguentar o frio e gravar a cena da Fontana di Trevi, tomara uma garrafa de vodca completa): “Você é a primeira mulher do primeiro dia da criação. Você é mãe, irmã, amante, amiga, anjo, demônio, terra, lar.”


A Democracia Cristã – partido italiano de direita – e o Vaticano foram contra a realização de La dolce vita, pois a aristocracia retratada no filme tinha estreitas ligações com a Igreja.

O governo fascista de Franco proibiu a exibição de La dolce vita na Espanha. O filme só pôde ser assistido pelos espanhóis duas décadas depois, em 1981.